O projeto “Mural da Liberdade” surgiu no ano 2022/23. O então 11.º CT tinha projetado um mural no âmbito do Projeto de Cidadania e Desenvolvimento, no domínio “Direitos Humanos”, que acabou por não se concretizar por falta de tempo. Já neste ano letivo, 2023/24, a turma 12.º CT quis que a planificação e todo o trabalho já dedicado continuasse, apesar de ter consciência de que se tratava de um projeto deveras ambicioso. Na verdade, o facto de neste ano se comemorar os 50 anos do 25 de Abril veio acrescentar um novo propósito à realização do mural. No entanto, os discentes estavam cientes que para alcançar os objetivos precisavam da ajuda das turmas de Artes, e foi nesse sentido que convidaram o 10.º AV e o 11º AV para fazerem parte deste projeto, com o apoio dos professores Carlos Vinhais, Maria do Céu Coito, Maria Joana Fernandes e Paula Rito, dos departamentos de Ciências Sociais, Línguas e Expressões.
Logo, fez-se a divisão das tarefas, cabendo ao 12.º CT a escolha de frases da Declaração Universal dos Direitos Humanos como também a preparação da inauguração do “Mural da Liberdade” e a sua divulgação através dos blogues do Agrupamento de Escolas Fernão do Pó.
As frases escolhidas da respetiva Declaração Universal dos Direitos Humanos foram as seguintes:
“Todo o ser humano tem direito à educação”
“Todo o seu humano tem direito à liberdade de opinião e de expressão”
“Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”
“Todo o ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”
“Todos somos iguais perante a lei”
O projeto teve o apoio do Plano Nacional das Artes e do Projeto Cultural de Escola
No início deste ano letivo foi-nos proposto pela turma do 12º CT a realização do mural que alude à liberdade e aos direitos humanos. A professora Paula Rito e a professora Joana Fernandes colocaram-nos (10º e 11º de Artes) neste desafio, guiando-nos em todo o processo desde o projeto até aos últimos retoques do mural.
Procurámos conhecer melhor a época, procurando como era a arte da resistência, e como eram os murais após o 25 abril, quais as principais características, também a música e outras formas de arte serviram de inspiração para o projeto.
Cada aluno individualmente foi criando o seu projeto e como o idealizava. Depois, juntando todos os projetos fomos selecionando os elementos que mais se adequavam. Ou seja, foi como montar um puzzle, pegamos nuns elementos de um trabalho, noutros de outro.
Depois do projeto coletivo final já estar concluído, de acordo com o tamanho da parede, a quantidade de elementos e o tempo que tínhamos para a execução, utilizámos um projetor, sendo possível assim sermos mais rápidos. Alguns dos elementos foram feitos diretamente na parede conforme a evolução e a necessidade do projeto, como os cravos ou as pessoas.
Relativamente aos significados dos vários elementos, consideramos que são sempre algo subjetivos, vão mudar de pessoa para pessoa, não têm apenas um só significado.
O COMBOIO, um dos primeiros elementos a serem selecionados, foi uma forma de ligação entre todos os elementos visuais e com a intenção de mostrar o progresso ao longo de toda a luta pela liberdade, para se tornar um direito para todos. As nuvens, pelo vapor que sai do mesmo, vão escrevendo a palavra liberdade evidenciando ainda mais esse sentimento de movimento, mudança e construção.
A representação da FIGURA FEMININA que se encontra reprimida pela figura masculina e limitada pela mesma é uma referência à vida limitada que uma mulher tinha antes do 25 de abril, optando por uma paleta cromática que remeta a esse sentimento reprimido.
As MÃOS são referencias vistas nos murais realizados durante a revolução, e tanto o punho como a mão a fazer o símbolo da paz ou da vitória são elementos frequentemente usados, pela resistência à persistência ao regime, como para evidenciar a mudança e a chegada de um novo Portugal, em paz e com o fim das guerras nas ex-colónias.
A CANETA E PINCEL, uma referência à liberdade de expressão que só foi alcançada devido à revolução, que permitiu a escritores, poetas, jornalistas, mas também pintores, atores, cantores poderem exercer a sua profissão livremente e sem limite na sua criatividade, criticando e expondo as suas ideias sem medo do lápis azul ou da prisão.
O SOLDADO, anónimo, junto de um CRAVO BRANCO, foi uma homenagem a quem tornou a revolução possível, a quem devemos a nossa democracia, a nossa liberdade e o valor da paz, representando os soldados que lutavam na guerra do ultramar, e os capitães de Abril presentes no 25 de abril de 1974. O facto do cravo grande ser branco foi um dos motivos de o termos escolhido. Saindo não só do esperado mas também do óbvio. Muitos julgam que a arte tem de passar uma mensagem direta, porém, é totalmente o contrário, A ARTE É SUBJETIVA, e fazer pensar o porquê do cravo ser branco é um desafio lançado ao espetador, para uns pode representar a paz que veio após a revolução, deixando uma guerra injusta, mas também pode representar uma revolução pacífica que decorreu praticamente sem sangue derramado.
Ainda é possível vermos OUTROS ELEMENTOS que nos remetem a este dia e à mudança que nos trouxe: representamos uma variedade de pessoas, sendo elas de diversas raças, idades e classes sociais, tendo uma atenção para a classe operária, junto destas estão alguns BALÕES com as palavras de ordem que eram usadas pelo povo. Os CRAVOS VERMELHOS que deram o nome à revolução e dão ao conjunto a ideia de festa.
As FRASES, escolhidas e pintadas pelo 12ºCT, evidenciam a necessidade de relembrar os direitos conquistados em abril de 1974 e que já faziam parte da declaração dos direitos humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas desde 1948.
Alunos do 10º e 11º de Artes Visuais
AEFP, Bombarral, 03 de maio de 2024
Beatriz Andrade | José Pedro Lopes | Kayky Furlanetto | Luiz Martinez | Martim de Barros Rosa | Raquel Ferreira | Sara Calvo
Dia da Inauguração
Coro Vox Feminis
Maestro Lino
Círculo de Cultura Musical Bombarralense
Para a elaboração deste muito breve Manifesto, realizámos uma adaptação de conveniência de fragmentos dos “Manifesto Anti-Dantas e por Extenso” e “Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX”, ambos de José de Almada Negreiros e ainda uma alusão a uma música de José Afonso e outra de Sérgio Godinho.